- CERRAR OS DENTES
- Caminhar com aspernas a tremer
- neste calvário de mochila às costas
- onde todos os sonhos se desmoronam
- por entre as veredas percorridas...
- a vontade não resiste ao impulso
- do protesto contra as diatribes
- que nos atiram para as estevas
- onde os corpos perdem a seiva
- e o sangue derramado nas matas
- sapica de vermelho o capim
- que oculta as balas quentes.
- O coração a pulsar atordoado
- e o fato sujo e ensanguentado
- anunciam o calor que esmorece
- o desejo de cerrar os dentes
- para lutar com o corpo cansado
- e mostrar a força dos valentes
- que baixam à terra sem a dignidade
- dos heróis do tempo recusado
- para descansar até à eternidade!
- Nangade, Setembro de 1967
- (poema do livro: "Rumos Divergentes")
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